Edgar Hudson Miller Jr., filho de Edgar Hudson Miller e Mabel Baird Miller, nasceu na cidade de Jellico, no condado de Campbell, Tennessee, Estados Unidos, em 17 de outubro de 1934. É casado com a brasileira Ghislaine Myriam Costa Ribeiro, que conheceu em Viena, Áustria, durante o seu serviço de inteligência prestado ao exército americano em 1957. O casal possui 5 filhos e 8 netos (Azevedo, 2019).
Estudou Comunicação nas Universidades Emory & Henry e de Tennessee, em Knoxville, e fez o mestrado na mesma área. Miller iniciou a sua carreira como jornalista em 1955 no Knoxville Journal até entrar para o exército, onde serviu entre 1956 e 1959. Após o serviço, voltou aos Estados Unidos, onde retomou a sua posição no Knoxville Journal antes de migrar para a agência de notícias Associated Press. Em 1961 foi designado a trabalhar como correspondente desta agência no Rio de Janeiro, onde residiu entre 1961 e 1966. Em 1966, retornou para os Estados Unidos, porém em 1970 voltou novamente para o Brasil para liderar o gabinete da agência localizada em São Paulo (Azevedo, 2019).
Entre 1973 e 1975 assumiu como chefe de Serviços Caribenhos em San Juan, Porto Rico. Em seu último retorno ao Brasil, assumiu como chefe de gabinete no ano de 1975. Em 1978, retornou aos Estados Unidos onde se tornou editor-chefe do Chattanooga Times. Em 1983, foi editor executivo e vice-presidente executivo do Carroll Publishing Co, uma empresa da Arquidiocese de Washington, D.C., mas foi demitido em 1986 ao se recusar a abafar escândalos de pedofilia associados a padres. Depois, passou a trabalhar na United Press International em Washington, D.C., e, em outubro do mesmo ano passou a ser o editor assistente de notícias. Em 1991, retornou à Knoxville, onde criou um jornal para a recentemente fundada Diocese Católica de Knoxville. Neste período também exerceu o magistério, lecionando jornalismo na Universidade de Tennessee. Aposentou-se da diocese em 1999 e lecionou pela última vez em 2010. Entre a aposentadoria da diocese e sua última aula, criou uma pequena empresa chamada WET Ink Solutions, Writing, Editing, Translating (Azevedo 2019).
Miller foi responsável pelas primeiras traduções para o inglês e pelas primeiras publicações estadunidenses de Uma vida em segredo, publicado em 1969 como A hidden life pela Alfred A. Knopf, e O meu pé de laranja lima, publicado em 1970 como My sweet-orange tree, também pela Alfred A. Knopf e simultaneamente no Canadá pela Random House, Inc.
Uma história bem incomum que precedeu a execução do primeiro trabalho como tradutor aconteceu com Miller, acusado de suposta resistência à revolução em 1964, início da ditadura militar no Brasil. Miller estava trabalhando tarde da noite do domingo no escritório da Associated Press quando policiais chegaram e o acusaram, levando-o preso em um camburão com destino ao Departamento de Ordem Política e Social (DOPS). Antes de ser levado, Miller havia conseguido fazer uma ligação para Alfredo Machado, dono e diretor da Distribuidora Record e amigo de um general do exército brasileiro, quem Alfredo Machado convenceu a acompanhá-lo até o escritório da Associated Press. Chegando lá descobriram que o camburão que transportava Miller não havia chegado ao DOPS.
Iniciou-se, então, uma busca por toda a cidade com a suspeita de que Miller havia sido capturado por contrarrevolucionários de esquerda até que em determinado momento o camburão com Miller chegou ao DOPS. Miller foi levado em custódia e solto, sendo levado de volta ao escritório onde Alfredo, o general e um capitão o aguardavam. A confusão se deu porque o motorista, ao invés de levá-lo diretamente ao DOPS fez uma pausa num bar para tomar algumas doses de cachaça. Após sua chegada, Miller explicou que tudo não se passava de um grande mal-entendido e Alfredo terminou de resolver a situação. Pouco tempo depois, Alfred Knopf, dono da editora de mesmo nome, que era um amigo próximo de Alfredo Machado e grande fã da literatura brasileira, pediu para que recomendasse uma pessoa para ler livros brasileiros na firma dele e Alfredo recomendou nosso tradutor Miller (Azevedo, 2019). Essa parceria eventualmente levou o Miller a ser designado para traduzir Uma vida em segredo, título que parece simbolizar o episódio da acusação que envolveu o tradutor
Traduções
AUTRAN, Dourado. A hidden life. Tradução Edgar H. Miller. New York: Alfred A. Knopf, 1969.
VASCONCELOS, José Mauro de. My sweet-orange tree. Tradução Edgar H. Miller. New York: Alfred A. Knopf, 1970
Como citar o verbete
MORINAKA, Eliza Mitiyo; DIAS, Lara Vivian dos Santos. Edgar H. Miller Jr. In: LITERATURA BRASILEIRA TRADUZIDA. Perfil de tradutores/as. Disponível em: https://literaturabrasiltraduzida.com.br/detalhe/42/. Acesso em: dia/mês/ano.
Referências bibliográficas
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AZEVEDO, Daniela de. Aspectos da tradução em língua inglesa de Uma vida em segredo. Dissertação de mestrado em Estudos Literários - Unimontes, 2019. Disponível em: https://www.posgraduacao.unimontes.br/uploads/sites/12/2021/01/ASPECTOS-DA-TRADUÇÃO-EM-LÍNGUA-INGLESA-DE-UMA-VIDA-EM-SEGREDO.pdf. Acesso em: 5 abr. 2024.
VASCONCELOS, José Mauro de. My sweet-orange tree. Tradução Edgar H. Miller. New York: Alfred A. Knopf, 1970. Disponível em: https://www.whitmorerarebooks.com/pages/books/815/jose-mauro-de-vasconcelos/my-sweet-orange-tree. Acesso em: 6 abr. 2024.
AUTRAN, Dourado. A hidden life. Tradução Edgar H. Miller. New York: Alfred A. Knopf, 1969. Disponível em: https://archive.org/details/hiddenlife0000autr/page/n1/mode/2up. Acesso em: 6 abr. 2024.